Oi, gente!
O post da #contrastes nessa semana é um pouco diferente, não vou mostrar uma curiosidade desse país tão diferente no qual, agora já vivo há pouco mais de 5 anos. Hoje eu quero compartilhar o que sinto com relação a algo que eu convivo diariamente: a SAUDADE. Aliás, sempre que eu encontro pessoas aqui no condomínio que deixaram os seus países, aceitaram a oferta e vieram para a Arábia Saudita, a conversa, mais cedo ou mais tarde volta para o assunto da falta das pessoas que tanto amamos. Por trás de todo esse glamour (?) que envolve a morada em um outro país, o que existe na verdade são filhos e filhas, pais e mães que no final do dia querem se encontrar com a sensação de dever cumprido na expectativa de que todas as mudanças promovidas valeram a pena e a saudade do seu país é apenas uma consequência negativa dentre os inúmeros pontos positivos que a nova vida te proporciona.
Portanto, assim vamos vivendo, nos equilibrando e colocando no papel o que acreditamos valer a pena ou não e, pensando bem, esse sentimento é bem comum a todos nós, não é? Passamos a vida questionando as nossas escolhas e se elas realmente foram acertadas, seja por causa de um momento ruim ou por uma simples oferta diferente, na
nossa cabeça já começa a brotar várias dúvidas que colocam a decisão de ir morar longe de casa em xeque. Mas, eu me atrevo a dizer que não existe nenhum fator que faça isso tão bem quanto a saudade, é ela que faz com que pessoas que moram há mais de 15 anos fora do seu país, ainda digam: “estou fora de casa”. Nesse caso, você pode perguntar: “Mas você não tem uma casa aqui?” “Ela não é simplesmente perfeita?” e ambas as respostas serem positivas, mas no coração de quem a responde, há quase sempre o mesmo sentimento de que o nosso lar não é construído por uma boa condição financeira ou paredes impermeáveis, não chamamos um lugar de “casa” simplesmente pelo fato de ter um teto sobre as nossas cabeças, algo que por sinal, somos muito gratos.
Nosso lar, na verdade, é feito de abraços e sorrisos. Nossa casa tem nome e sobrenome, te dá bronca ao telefone, te aconselha em momentos ruins e dá força quando as dificuldades parecem tirar toda a energia que temos. Eu poderia escrever um livro que talvez ainda não seja suficiente expressar o quanto isso é verdade para mim, por exemplo. Até construir a minha própria família e que passou a ser a minha base e rocha forte para enfrentar todos os desafios e compartilhar as alegrias, a saudade das pessoas que tinham ficado na Bahia faziam com que eu nunca me sentisse em casa. Isso faz com que a gente aprenda o que é realmente importante na vida e ajuda a formar os valores que tento passar para meus filhos diariamente. Aliás, a família que construí é a prova viva de que aquele momento de coragem de decisão para fora do meu país valeu a pena. Por que é assim mesmo que acontece para todos os que decidem se aventurar em novas terras, Deus logo trata de nos apresentar novos caminhos e nos capacitar a construir coisas que nunca havíamos imaginado antes.
Aprendemos muito nessa jornada, um dia ouvi de alguém que “A distância que nos separa faz nascer a saudade que nos une.” e eu te garanto que cada um mora longe de casa pode testitificar dessa verdade, se por um lado a saudade é cortante como lâmina nos nossos corações, por outro, nos dá um senso de família e de amor que com certeza não temos quando estamos perto. A saudade nos ensina e nos mostra o quanto amamos as pessoas, o quanto precisamos delas para viver e, por isso, até os defeitos se tornam secundários, as possíveis brigas são mais facilmente resolvidas por que nós aprendemos, dia após dia, o tamanho da falta que aquilo nos faz quando voltamos para a nossa jornada longe de tudo e agora, toda a oportunidade que temos de dizer “Eu te amo” são agarradas como nunca.
Até porque, como diria a poesia: “Quando se está com raiva existe a palavra, o grito, os argumentos e até a vontade de ficar longe. Quando se está feliz existe o abraço, o carinho, o aconchego e as risadas compartilhadas. Quando se está triste existem as lágrimas, o desabafo, a mão estendida e o ombro que vai amparar o rosto. Mas quando se está longe? Bem, não existe nada… não há presença, cheiro, olhar, sorrisos ou proximidade das pessoas queremos que esteja perto.” Eu, particularmente, ainda acrescentaria que se não fosse a minha fé no Senhor e a Sua ação sobre a minha vida, eu não aguentaria as consequências dessa jornada e, bem provavelmente, não teria vivido nem um terço das coisas maravilhosas que aconteceram comigo nos últimos anos, Ele tem me guiado e me dado força a cada instante e tem sido o motivo da minha força e alegria.
Mas a vida é feita de escolhas, e é provável que não haja clichê mais verdadeiro que este. E eu diria, inclusive, que essa lição é especialmente aprendida por aqueles que resolveram abrir mão do conhecido para tentar uma vida fora do país. Aprendem isso na prática e de maneira, muitas vezes, dolorosa. Sobrinhos crescem, os seus pais ganham novos cabelos brancos e algumas rugas, talvez. Os bebês se tornam rapazes e moças, os sorrisos brotam dos momentos felizes que agora acontecem longe de você, e as lágrimas causadas pelos momentos de dor agora são compartilhadas por uma ligação no Skype. Escolhas trazem consequências, boas e ruins, mas no final as contas, a fazemos na esperança de que nos tornemos pessoas completas, felizes e que acertaram muito mais do que erraram e pedindo a Deus sabedoria para que a jornada, enfim, valha a pena.
Se você também vive fora do país, mande um email pra mim contando a sua história! Quem sabe ela não vira um post aqui no blog e lá no IG? Vamos criar uma rede de pessoas que compartilham desses mesmos sentimentos e assim, possamos dar força umas às outras. Que tal?
Basta enviar para: nsfashiononline@gmail.com!
Deixe um comentário